A neurite óptica é um distúrbio oftalmológico caracterizado pela inflamação do nervo óptico. O nervo óptico é o responsável por conduzir impulsos visuais gerados na retina até as áreas centrais da visão. Essas informações chegam até áreas específicas da visão no cérebro, onde são processadas e interpretadas.
O nervo óptico é recoberto por um tecido lipídico (gorduroso) chamado bainha de mielina. A bainha de mielina recobre cada axônio (ou fibra) do nervo óptico e permite a condução dos impulsos nervosos ao longo da fibra nervosa com velocidade e precisão.
Mas, na neurite óptica, essa bainha de mielina é danificada por uma inflamação conhecida como desmielinização. Com isso, começam a surgir os sintomas mais comuns da neurite óptica.
Apesar de ser uma doença pouco comum, a neurite óptica deve ser diagnosticada e tratada rapidamente para prevenir a ocorrência de sequelas visuais e neurológicas. Sua prevalência é maior em adultos com idade entre 20 e 45 anos. Mulheres são mais acometidas que homens.
Esta é a forma de apresentação mais comum ( chamada de típica) e está principalmente associada com a esclerose múltipla ou a forma idiopática da neurite (tipo de doença que não tem uma causa).
Nestes casos, a visão em geral começa a melhorar ainda dentro de um mês de evolução da doença, mesmo sem tratamento.
A principal doença neurológica desmielinizante com que a neurite óptica se associa é a esclerose múltipla. A neurite óptica é a primeira manifestação em 15 a 20% dos pacientes com esclerose múltipla, podendo ocorrer em 50% dos pacientes em algum momento no curso da doença.
Menos frequentemente, podem ocorrer doenças desmielinizantes associadas a auto-anticorpos específicos. É o caso da neuromielite óptica (ou doença de Devic), cujo marcador é o anticorpo anti-aquaporina-4.
Também é o caso da doença associada ao MOG, cujo anticorpo é o anti-MOG. Além de lesões no sistema nervoso central, estas doenças têm uma preferência por acometer o nervo óptico (levando à neurite óptica) e a medula espinhal (levando a uma mielite).
Nestes casos, a forma de apresentação costuma ser um pouco diferente (considerada atípica), pois têm potencial maior para causar envolvimento bilateral da visão, apresentar-se com perda mais grave da visão (perda que, inclusive, pode progredir por um tempo maior), menores chances de recuperação visual, maiores chances de recorrências, além de acometer áreas mais extensas das vias ópticas.
Mais raramente, a neurite óptica pode ser causada por infecções (como sífilis, HIV, herpes e tuberculose) e doenças reumatológicas (como lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren e sarcoidose).
O diagnóstico da neurite óptica é fundamentalmente realizado pela história e exame clínico. Critérios mais recentes elaborados por pesquisadores consideram também o uso de exames complementares para o diagnóstico correto da doença, incluindo, além da ressonância magnética, a tomografia de coerência óptica, o exame do líquor e a pesquisa de auto-anticorpos no sangue.
No caso da ressonância magnética, além de auxiliar a afastar outras doenças do nervo óptico que imitam a neurite óptica, é um exame extremamente importante para o diagnóstico da esclerose múltipla.
E mesmo que após um episódio de neurite óptica um paciente não preencha critérios suficientes para o diagnóstico definitivo de esclerose múltipla, os achados da ressonância magnética ajudam a estratificar o risco de desenvolver a doença no futuro, apontando os pacientes de alto risco.
Outros exames que podem ser solicitados pelo médico são:
A literatura médica mais atual considera que, mesmo tendo passado com o oftalmologista geral e neurologista, os pacientes com neurite sejam avaliados pelo médico especializado em neuro-oftalmologia.
Pesquisas recentes apontam que quase a metade dos pacientes com diagnóstico de neurite óptica, na verdade, tem outras doenças que não a neurite.
Há situações em que o paciente pode necessitar de medicamentos, como os corticoides, para reduzir a inflamação do nervo e acelerar a recuperação da visão. A pedra angular no tratamento das neurites ópticas de causas autoimunes é o uso de corticoide endovenoso em alta dose, por 3 a 5 dias em geral (chamado de pulsoterapia). Casos com perdas visuais muito graves, que não repondem ao tratamento com corticoides ou que apresnetam recidiva na retirada do corticoide podem precisar da plasmaférese (uma espécie de filtração dos anticorpos do sangue) ou uso de imunoglobulina endovenosa.
Casos associados com doenças infecciosas podem necessitar de tratamento com antibióticos ou agentes antivirais na fase aguda da doença.
O tratamento crônico dependerá da causa da neurite óptica.
No caso da neurite óptica estar associada à esclerose múltipla, podem ser usadas as chamadas drogas modificadoras da doença, principalmente os remédios imunomoduladores.
No caso das outras doenças autoimunes, o paciente pode precisar de corticoide por via oral por períodos mais prolongados e de drogas imunossupressoras (que a supressão do sistema imunológico).
O ideal é que o acompanhamento e tratamento sejam feitos em conjunto pelo neurologista e pelo oftalmologista especializado em neuro-oftalmologia.
Não é incomum o surgimento de sequelas depois de um quadro de neurite óptica. Alguns pacientes podem apresentar diminuição da acuidade visual, assim como dificuldades para enxergar cores, brilho e nitidez.
Em outras situações, pode ocorrer ainda o embaçamento da visão quando há aumento da temperatura corporal (chamado de fenômeno de Uhthoff), seja em um quadro febril, durante a prática de atividade física, um banho quente, ou pela permanência em locais quentes. Tal ocorrência não é indicador de gravidade ou recorrência da doença.
O nervo óptico, estrutura afetada pela neurite óptica, tem conexão direta com o cérebro. Assim, é naturalmente uma das primeiras estruturas a serem afetadas em quadros que atingem o cérebro e as estruturas interligadas a ele.
A neuro-oftalmologia é uma especialidade da oftalmologia dedicada ao estudo, diagnóstico e tratamento das desordens que podem afetar as partes do cérebro relacionadas à visão. Assim, o médico oftalmologista especializado em neuro-oftalmologia está apto para fazer o diagnóstico da neurite óptica.
Ele está capacitado para indicar os cuidados clínicos necessários e abrangentes, estando apto a avaliar pacientes do ponto de vista neurológico e oftalmológico, diagnosticando e tratando uma série de condições médicas. Ele atua em parceria com o neurologista para encontrar a melhor opção de tratamento para que o paciente recupere a qualidade de vida e a visão.
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