Diagnóstico da neuropatia óptica
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O diagnóstico da neuropatia óptica é fundamental para identificar as diferentes formas da doença

A neuropatia óptica é uma anormalidade que danifica o nervo óptico, estrutura que transmite ao cérebro os sinais visuais gerados na retina. Dada sua importante função, qualquer lesão nessa estrutura nervosa pode causar problemas oculares, como sensação de visão turva ou embaçada, dificuldade de distinguir cores, e até a perda parcial ou total da visão.

O diagnóstico da neuropatia óptica é essencial para elucidação da sua causa e para o tratamento precoce. O modo de início da perda visual é uma pista importante para a etiologia da neuropatia óptica. O início rápido é característico de neurite óptica, neuropatia óptica isquêmica, neuropatia óptica inflamatória e traumática. Um início gradual ao longo de meses é sugestivo de neuropatia óptica tóxica/nutricional e algumas formas hereditárias. Uma história mais prolongada ao longo dos anos é vista em neuropatias ópticas compressivas por tumores.

O médico deve se esforçar para obter uma história de sintomas associados que possam ajudar a refinar o diagnóstico diferencial. Em um paciente jovem, história de dor ocular associada ao movimento ocular, história prévia de sintomas neurológicos como formigamentos e fraqueza nos membros pode sugerir neurite óptica desmielinizante. A diminuição da visão após um aumento da temperatura corporal, como após exercícios ou um banho quente, é conhecida como fenômeno de Uhthoff. Embora este sintoma esteja geralmente associado com neurite óptica, pode ser visto em uma variedade de outras neuropatias ópticas.

Em um idoso com sinais de neuropatia óptica, a presença de perda visual transitória precedente, diplopia, dor de cabeça na região das têmporas, dor a mastigação, fadiga, perda de peso e dores musculares é fortemente sugestiva de neuropatia óptica isquêmica anterior arterítica (NOIA-A), aquela devida a arterite de células gigantes. Em crianças, história de doença semelhante à gripe recente ou vacinação dias ou semanas antes da perda de visão aponta para uma neurite óptica para-infecciosa ou pós-vacinal, respectivamente.

Obscurecimentos visuais transitórios (períodos de perda de visão com duração de segundos causados por mudança na posição do corpo), diplopia transitória e cefaleia devem levantar a suspeita de aumento da pressão intracraniana.

O uso de qualquer medicamento deve ser cuidadosamente observado, pois alguns são direta ou indiretamente tóxicos para o nervo óptico. Estes incluem drogas como etambutol, amiodarona, metanol, entre muitas outras drogas.

História de diabetes, hipertensão e hipercolesterolemia é comum em pacientes com neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIA-NA).

Os pacientes que estão sendo tratados ou têm história de malignidade podem ter neuropatia óptica infiltrativa metastática ou paraneoplásica (uma espécie de autoimunidade associada ao câncer).

A investigação sobre a saúde geral do paciente, hábitos alimentares e sociais (beber, fumar) é importante na suspeita de neuropatia óptica tóxica/nutricional. Uma história familiar de perda visual é importante no diagnóstico de neuropatias hereditárias.

A seguir, acompanhe como é realizado o diagnóstico da neuropatia óptica e as opções de tratamento para essa enfermidade.

Como é feito o diagnóstico da neuropatia óptica?

O diagnóstico da neuropatia óptica é realizado com base na análise clínica e dos sintomas apresentados pelo paciente. A história detalhada, como apontado anteriormente, é essencial na elucidação da possível etiologia da neuropatia óptica. Os sinais clínicos clássicos da neuropatia óptica são defeito no campo visual, discromatopsia (alteração na visão de cores) e resposta pupilar anormal. Existem investigações auxiliares que podem apoiar o diagnóstico de neuropatia óptica. O teste de campo visual por campimetria manual ou computadorizada é crítico no diagnóstico.

A neuroimagem do cérebro e da órbita (por tomografia ou ressonância magnética) é essencial em muitas neuropatias ópticas, incluindo doenças desmielinizantes e compressões por tumores. Novas tecnologias na avaliação de neuropatias ópticas incluem potenciais evocados visuais multifocais e a tomografia de coerência óptica (OCT). Exame do líquor, testes sanguíneos, testes genéticos e biópsias também encontram espaço no diagnóstico da neuropatia óptica dependendo da suspeita quanto à sua causa.

Qual profissional realiza o diagnóstico da neuropatia óptica?

Oftalmologistas e neurologistas frequentemente se deparam com pacientes portadores de neuropatias ópticas. O médico especializado em neuro-oftalmologia, em virtude da sua formação, geralmente está mais familiarizado com as várias entidades que podem causar neuropatia óptica. Com avaliação clínica cuidadosa e investigações apropriadas, um diagnóstico específico pode ser feito na maioria dos casos.

Opções de tratamento

O tratamento sempre vai depender da causa detectada no diagnóstico da neuropatia óptica. A pedra angular no tratamento das neuropatias inflamatórias e autoimunes e da neuropatia óptica isquêmica arterítica é o uso de anti-inflamatórios da classe dos corticosteroides. Além disso, as mais diferentes medicações imunossupressoras também podem ser necessárias para o tratamento destas doenças.

Antibióticos e antivirais encontram seu espaço quando a neuropatia óptica é causada por agentes infecciosos. O tratamento das condições tóxicas requer a interrupção da exposição ao agente causal. As condições carenciais precisam da suplementação de vitaminas e micronutrientes.

O papiledema requer o tratamento da hipertensão intracraniana. As compressões dos nervos ópticos requerem o tratamento dos tumores que comprimem as vias ópticas. As abordagens terapêuticas na tentativa de melhorar o prognóstico natural da doença nas condições isquêmicas não arteríticas e nas neuropatias hereditárias são consideradas caso a caso.

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Fontes:

Dr. Roberto Battistella

Manual MSD

Sociedade Brasileira de Oftalmologia