Dr. Roberto Battistella
A perda súbita da visão pode ser de origem benigna ou indicar um problema mais grave, devendo sempre ser avaliada por um médico
Perda visual transitória é o termo usado para descrever a perda temporária de parte ou de toda a visão em um ou ambos os olhos. É uma manifestação que pode ser motivo de preocupação e pode ser causada por diversos fatores, devendo sempre ser avaliada e investigada por médico.
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O que é perda visual transitória?
Como dita o nome, a perda visual transitória refere-se à diminuição súbita e inesperada da visão, mas que tem efeito passageiro, podendo durar desde alguns segundos até minutos, ou horas. Pode afetar um ou os dois olhos.
Algumas pessoas não experimentam uma perda completa da visão e, em vez disso, descrevem a anormalidade como “visão embaçada” ou como “olhar através de uma nuvem”. A visão habitualmente volta ao normal antes que a pessoa possa ser examinada por um oftalmologista, portanto, o exame oftalmológico é frequentemente normal. Submeter-se a um exame oftalmológico, ainda assim, é muito importante. Os detalhes do momento da perda visual são essenciais para conclusões diagnósticas.
Mesmo que a visão volte ao normal, a perda visual transitória pode ser um sinal de anomalias graves nos olhos, no cérebro ou nos vasos sanguíneos que podem levar à perda permanente da visão ou mesmo a um acidente vascular cerebral, se não houver reconhecimento e tratamento apropriados. Há também muitas outras causas de perda visual transitória menos sérias. Com base na descrição dos eventos de perda visual e com o auxílio de exames complementares, o seu médico pode fornecer mais detalhes sobre a causa específica dos seus episódios de perda visual.
Por que é importante ser avaliado rapidamente após um episódio de perda visual transitória?
A perda visual transitória pode ser causada por diversas condições e com diversos graus de gravidade. É fundamental procurar atendimento médico imediato para uma avaliação adequada e a identificação da causa subjacente.
Se pensar que um episódio de perda de visão transitória, entre muitas outras causas, pode ser devida a um coágulo sanguíneo que bloqueia o fluxo de sangue para uma parte do olho ou do cérebro, isto deve ser inicialmente conduzido da mesma forma que um ataque isquêmico transitório (AIT; interrupção temporária do fluxo sanguíneo no cérebro), sendo necessária avaliação médica em caráter de urgência.
E se a minha perda visual transitória não estiver relacionada com um coágulo sanguíneo?
Há muitas outras causas de perda visual transitória não envolvidas com a presença de um coágulo sanguíneo. Veja a seguir possíveis causas de perda visual transitória.
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Causas da perda visual transitória em apenas um olho
Algumas das causas mais prevalentes envolvem apenas um olho podem ser:
- Coágulo sanguíneo das artérias ou do coração;
- Inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite, como arterite de células gigantes);
- Malformação dos vasos sanguíneos ou tumor na cavidade ocular (órbita);
- Espasmo dos vasos sanguíneos que alimentam o olho (vasospasmo retiniano);
- Inchaço do nervo óptico;
- Glaucoma de ângulo fechado;
- Olhos secos;
- Espasmo do músculo que focaliza o cristalino dentro do olho.
Causas da perda visual transitória que afetam os dois olhos simultaneamente
Algumas das causas mais prevalentes para a perda visual transitória que envolvem simultaneamente os dois olhos:
- Enxaqueca (comum e pode ocorrer mesmo sem dor de cabeça);
- Ataque isquêmico transitório (interrupção temporária do fluxo sanguíneo para a parte posterior do cérebro – lobos occipitais/área da visão);
- Convulsão (envolvendo a parte posterior do cérebro – lobos occipitais)
- Inchaço de ambos os nervos ópticos (papiledema, relacionado à alta pressão no cérebro);
- Pré-síncope (diminuição temporária do fluxo sanguíneo para o cérebro que pode causar tontura e diminuição da visão);
- Alterações no nível de glicose no sangue, especialmente em diabéticos.
Sintomas da perda visual transitória
Como o seu exame oftalmológico pode estar normal após um episódio de perda visual transitória, os detalhes dos seus episódios são muito importantes para determinar a causa e o que fazer a seguir. Manter um controle cuidadoso das respostas às seguintes perguntas pode ajudar a restringir as possibilidades:
- A perda de visão envolveu um ou ambos os olhos?
- Você tentou fechar cada olho para verificar?
- Se envolveu ambos os olhos, foi simultâneo e exatamente igual nos dois olhos?
- Quanto tempo durou a perda de visão (segundos, minutos, horas)?
- Que parte da visão foi afetada? Por exemplo, era o lado esquerdo ou direito, superior ou inferior?
- Você conseguia ver através da área de perda de visão ou a área faltante estava completamente escura? Ou como um “branco?”
- Você viu alguma coisa que não estava realmente lá, como formas, cores ou luzes?
- Como começou a perda de visão? Aconteceu gradualmente ou de repente?
- Durante que período de tempo a visão melhorou? Gradualmente ou de repente voltando ao normal?
- Quantos episódios de perda de visão você já teve?
- Se os episódios de perda de visão envolveram um olho ou um lado, a perda de visão alguma vez aconteceu no outro lado ou no outro olho?
- Você teve algum outro sintoma durante ou logo após os episódios de perda de visão? Por exemplo, houve dor de cabeça, sensibilidade à luz ou ao som, tontura, desconforto ocular ou outros sintomas neurológicos?
- Você consegue pensar em algum fator ou atividade que desencadeie os episódios de perda de visão?
- Depois que ocorre a perda de visão, há algo que você possa fazer para recuperar a visão mais rapidamente?
Que detalhes do meu histórico médico são importantes para compartilhar com o médico que está me avaliando quanto à perda visual transitória?
- Qualquer histórico de condições que afetem os vasos sanguíneos, como diabetes, colesterol alto, pressão alta, tabagismo, apnéia do sono ou coagulação sanguínea anormal;
- Qualquer história de acidente vascular cerebral, ataque cardíaco, problemas de ritmo cardíaco ou estreitamento dos vasos sanguíneos no pescoço (estenose carotídea);
- Quaisquer condições oculares, como glaucoma ou episódios anteriores de perda de visão;
- Episódios temporários de sintomas neurológicos no passado;
- Se tiver mais de 50 anos, qualquer histórico de dores de cabeça, sensibilidade no couro cabeludo, dor na mandíbula ao mastigar, febre, perda de peso inexplicável, nova alteração no nível de energia, visão dupla, perda de apetite, rigidez/dor nos ombros/quadris;
- Uma história de enxaqueca.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico da causa da perda visual transitória envolve uma avaliação detalhada da história clínica do paciente, além de um exame oftalmológico completo e, em alguns casos, a realização de exames complementares para confirmar ou descartar suspeitas médicas.
Dado que a principal causa é a isquemia, que pode acometer desde a retina ou o nervo óptico até os pequenos vasos sanguíneos do cérebro, é fundamental realizar algumas condutas de urgência para descartar quadros de maior gravidade, como o AVC.
Tratamento da perda visual transitória
O tratamento da perda visual transitória depende da causa específica desse quadro. É essencial ressaltar que o autodiagnóstico e a automedicação nos casos de perda visual transitória não são recomendados, uma vez que cada situação pode demandar abordagens médicas diferentes.
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Fontes:
