Anisocoria
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

Você já reparou se as pupilas dos seus olhos possuem o mesmo tamanho? Se não, pode ser que você tenha anisocoria

A anisocoria ocorre quando as pupilas ficam com tamanhos diferentes. A pupila é a parte escura do olho, localizada no meio da íris (parte colorida). Seu tamanho é resultado do equilíbrio das ações de dois grupos musculares da íris: o dilatador da íris e o esfíncter pupilar. Esses músculos são comandados por uma parte específica do sistema nervoso, chamado de sistema nervoso autônomo. A regulação do tamanho pupilar sofre muitas influências, mas acontece principalmente como reflexo à quantidade de luz ambiente.

Não é incomum que a pupila mude de tamanho dependendo da exposição à luz (aumenta na presença de luz fraca e se contrai na presença de iluminação mais intensa). Nesse caso, as pupilas dos dois olhos ficam com o mesmo tamanho, ainda que seja normal que as duas pupilas de uma pessoa tenham uma diferença de tamanho de até 0,5 mm. Porém, se a diferença for maior, se as pupilas ficarem em tamanhos diferentes por muito tempo ou se suas reações não forem adequadas à condição de luminosidade, o paciente pode ser diagnosticado com alguma condição de doença.

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Causas da anisocoria

Embora muito raro, existe quem nasça com a anisocoria em virtude de algumas anomalias congênitas dos olhos, mas vários outros fatores podem fazer com que ela ocorra durante a vida. Cerca de 20% da população tem anisocoria fisiológica, ou seja, uma diferença que não representa doença.

Entre as principais causas da anisocoria, estão:

Pancadas na cabeça

Quando uma pessoa sofre uma pancada na cabeça, podem ocorrer pequenas fraturas no crânio que, em alguns casos, podem ocasionar uma hemorragia no cérebro. Essa hemorragia pode pressionar alguma região responsável por controlar os olhos, originando essa diferença nos tamanhos das pupilas. A anisocoria após trauma na cabeça pode representar uma urgência médica.

Enxaqueca

Em muitas pessoas, a enxaqueca pode afetar os olhos, e o ataque enxaquecoso pode provocar a dilatação de uma das pupilas (ou pupilas de tamanhos desiguais). Em alguns casos, ainda, ocorre também uma queda das pálpebras. Se a enxaqueca for a causa da anisocoria, geralmente o indivíduo apresenta sintomas típicos da doença, como enjoo e sensibilidade à luz e a ruídos.

Tumor cerebral

Tumores que acometem o cérebro, dependendo da sua localização, podem causar pressão sobre uma determinada região do órgão e alterar o tamanho das pupilas.

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AVC

O acidente vascular cerebral (AVC), assim como o tumor cerebral, dependendo da região acometida, pode alterar o tamanho das pupilas. Se essa alteração for acompanhada de sintomas como formigamento ou sensação de desmaio ou fraqueza em um lado do corpo, deve-se procurar um atendimento de emergência.

Meningite

A meningite é a inflamação das meninges, membranas que recobrem o cérebro. Além de causar sintomas como dor de cabeça intensa, febre e vômitos, ela também pode alterar o tamanho das pupilas.

Trauma nos olhos

Traumas e ferimentos nos olhos podem ser causados por alguma forma de acidente que a pessoa tenha sofrido, como perfuração por objetos pontiagudos, uma contusão nos olhos (como boladas), e que podem comprometer a estrutura do órgão e provocar, além de dificuldades na visão, anisocoria.

Cirurgia ocular

Cirurgia ocular, mesmo com a melhor técnica operatória, pode ocasionar alterações na íris e levar à anisocoria. Isso pode resultar em uma pupila mais dilatada ou de tamanho diminuído e, por vezes, de formato irregular. Cirurgias de catarata, de glaucoma e de retina são alguns exemplos de procedimentos que podem resultar em anisocoria.

Convulsões

As convulsões ocorrem quando há uma falha nos impulsos elétricos do cérebro, que pode ser causada por diversos fatores, como músicas, luzes fortes, estresse, entre outros. Dependendo da causa, e muito raramente, elas podem levar a uma alteração no tamanho das pupilas.

Síndrome de Horner

A síndrome de Horner se caracteriza por uma queda discreta da pálpebra — chamada ptose — e pela pupila de tamanho menor no mesmo olho. Essa condição pode estar relacionada a diversos fatores, como AVC, esclerose múltipla, neuroblastoma, cefaleia em salvas, cirurgias, traumas e tumores na cabeça, no pescoço e no tórax, entre outros. Além da queda da pálpebra, a síndrome de Horner, quando é aguda, pode apresentar sinais, como olhos avermelhados e lacrimejamento. A síndrome de Horner aguda, quando associada à dor, requer atendimento médico em caráter de urgência.

Pupila tônica de Adie

Trata-se de uma condição em que uma das pupilas fica dilatada e não reage à luz. Na maioria das vezes, não tem uma causa e se deve a um distúrbio da parte do sistema nervoso que leva estímulos nervosos para o músculo esfíncter da pupila (sistema nervoso autônomo parassimpático). Manifesta-se na forma de anisocoria, embaçamento visual e fotofobia. Alguns casos podem precisar de investigação e tratamento.

Paralisia do nervo oculomotor (3º nervo craniano)

O nervo oculomotor é responsável por comandar alguns músculos que realizam a movimentação dos olhos — além do principal músculo que faz a elevação da pálpebra superior — e carregar junto dele fibras que inervam o músculo esfíncter da pupila (responsável pela contração da pupila). Tumores, aneurismas e inflamações, entre outras causas, podem causar lesões do nervo oculomotor. Além da ptose, a disfunção do nervo oculomotor costuma deixar a pupila dilatada e o olho estrábico (desviado para fora).

Uso de medicamentos e outras substâncias

Certas medicações podem entrar em contato com os olhos acidentalmente ou intencionalmente e causar anisocoria. Alguns exemplos são colírios comuns que branqueiam os olhos, medicamentos para tratar a depressão, adesivos que contenham escopolamina, usada para combater o enjoo, medicamentos para cólicas, remédios com descongestionantes, entre outros — além disso, algumas drogas, como a cocaína, e o contato com algumas plantas, como a beladona.

Quais são os sintomas de anisocoria?

Além da diferença no tamanho das pupilas, que nem sempre é percebida pela pessoa, a anisocoria pode apresentar outros sintomas, dependendo da causa que levou a ela. Esses sintomas podem incluir:

  • Pálpebra caída (ptose);
  • Dor de cabeça;
  • Dor ou rigidez no pescoço;
  • Redução da capacidade visual;
  • Visão dupla;
  • Embaçamentos transitórios da visão;
  • Fotofobia (excesso de sensibilidade à luz).

Como é realizado o diagnóstico?

Durante a consulta com o oftalmologista, o paciente será questionado sobre a existência de doença ocular prévia (incluindo cirurgias oculares), traumatismo craniano, ocular ou orbital, uso de medicamentos, entre outros tópicos que podem auxiliar no diagnóstico. O paciente também pode ser questionado sobre os sintomas apontados acima.

Em seguida, o médico examina as pupilas do paciente em uma sala iluminada e em uma sala escura para averiguar em quais situações ocorrem alterações de tamanho e reatividade pupilar. Também são verificados os reflexos ao estímulo de luz e o comportamento pupilar quando o paciente focaliza objetos próximos.

O exame de biomicroscopia na lâmpada de fenda é fundamental para avaliar a presença de alterações da estrutura da íris que possam causar anisocoria. Testes com colírios especiais também podem ser necessários para a confirmação do diagnóstico.

A depender da causa da anisocoria, o médico pode solicitar alguns exames. Entre eles:

  • Exames de sangue;
  • Exames de urina;
  • Tomografia computadorizada;
  • Ressonância magnética;
  • Angiografia.

Além do exame neuro-oftalmológico, alguns casos podem precisar de avaliação neurológica e, no caso de crianças, pediátrica.

Como é o tratamento de anisocoria?

Algumas causas de anisocoria podem necessitar de tratamento. Por exemplo, se a causa é uma infecção, um tumor, um aneurisma ou uma doença neurológica específica, haverá necessidade de tratamento destas condições.

Algumas formas de anisocoria serão temporárias, e outras, permanentes. Em alguns casos, pode ser necessária uma abordagem sintomática para reduzir a fotofobia, o embaçamento visual e o incômodo estético resultante da diferença de tamanho das pupilas. O estrabismo associado a algumas condições também pode requerer tratamento.

Neuro-oftalmologista para anisocoria

A anisocoria, em muitos casos, pode ser fisiológica. Porém, ela pode estar relacionada a um problema neurológico ou traumático ou a uma doença sistêmica que deve ser investigada.

O oftalmologista especialista em neuro-oftalmologia conhece em detalhes tanto as doenças oftalmológicas que têm origem nos olhos quanto aquelas que são causadas por alterações no sistema nervoso ou outras doenças gerais do organismo. Portanto, ele tem capacidade de realizar um diagnóstico preciso quando há suspeita de anisocoria, para que o paciente possa ser encaminhado para o tratamento adequado o mais rapidamente possível.

Se você tem anisocoria e precisa de uma avaliação especializada em neuro-oftalmologia, agende uma consulta com o Dr. Roberto Battistella.

Fontes:

Academia Americana de Oftalmologia

Manual MSD

Dr. Roberto Battistella