A síndrome de Charles Bonnet é um fenômeno caracterizado por alucinações visuais em pacientes com deficiência visual, mas psicologicamente normais.
O filósofo e naturalista suíço Charles Bonnet, no século XVIII, passou a analisar o comportamento de seu avô que, mesmo tendo baixa visão por causa da catarata, conseguia descrever nitidamente visões de pessoas, prédios e animais que mudavam de forma e tamanho constantemente (chamadas de alucinações visuais complexas).
A descrição desses comportamentos feita pelo filósofo levou a Medicina a chamar esse conjunto de características de síndrome de Charles Bonnet. Saiba mais sobre essa condição no conteúdo a seguir.
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O que é a síndrome de Charles Bonnet?
A síndrome de Charles Bonnet é uma condição em que a pessoa tem alucinações visuais complexas, recorrentes e nítidas que podem simplesmente desaparecer ou mudar de forma posteriormente. A síndrome aparece em indivíduos com visão muito baixa.
As alucinações podem variar de pessoa para pessoa. Entende-se que elas possam surgir, principalmente, em consequência dos esforços do cérebro para compensar a interpretação dos estímulos visuais muito baixos. Nesta síndrome, o paciente está ciente de que a imagem não é real, mas pode considerá-las perturbadoras.
O que a síndrome de Charles Bonnet pode causar?
Uma das principais consequências da síndrome de Charles Bonnet é a forma com que essa condição afeta o indivíduo psicologicamente, uma vez que as alucinações podem causar confusão ou intensa frustração, principalmente nos indivíduos conscientes de sua natureza.
Devido à natureza das alucinações e a outras doenças comuns também relacionadas com alucinações visuais, a síndrome de Charles Bonnet muitas vezes não é reconhecida e é diagnosticada erroneamente como demência ou psicose precoce.
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Quem é mais propenso a ter a síndrome de Charles Bonnet?
A síndrome de Charles Bonnet pode atingir qualquer indivíduo que tenha algum grau de perda visual causada por diversas doenças que afetem as vias visuais, desde os olhos até o córtex visual, tais como:
As etiologias comuns incluem:
- Retinopatia diabética
- Degeneração macular relacionada à idade
- Infartos cerebrais
- Glaucoma
- Doenças maculares
- Catarata
- Retinite Pigmentosa e outras doenças da retina
- Doenças dos nervos ópticos e das vias ópticas.
Em relação à idade, a síndrome pode afetar todas as idades; no entanto, tende a ser mais prevalente em indivíduos mais velhos. Os dados da literatura médica mostram que a idade média da doença é de 70 a 85 anos, a faixa esperada onde ocorrem naturalmente processos patológicos que levam à deficiência visual ou perda de visão.
Quais os principais sintomas?
O sintoma mais característico da síndrome de Charles Bonnet é a visualização de alucinações na forma de imagens nítidas, que podem ser manifestadas como:
- Padrões de pontos, linhas e formas geométricas;
- Pessoas, animais, objetos e lugares;
- Estar em movimento ou parado;
- Ser em preto e branco ou colorido;
- Durar alguns minutos ou várias horas.
Como já mencionado, essas imagens podem ser bastante nítidas e detalhadas. Elas podem aparecer e desaparecer repentinamente, bem como mudar de forma e tamanho.
Como o diagnóstico é realizado?
O diagnóstico da síndrome de Charles Bonnet pode incluir: o histórico médico, exame físico, um exame oftalmológico, exames médicos para descartar outras causas de alucinações visuais.
Esta síndrome é diferenciada de outras condições pela presença simultânea de déficits visuais e pela ausência de déficits neurológicos. Além disso, é diferenciada também pela falta de alucinações auditivas ou sensoriais, o que pode ser observado em muitas condições neurológicas e mentais.
A síndrome de Charles Bonnet tem cura?
Atualmente não há cura para a síndrome de Charles Bonnet, mas com o tempo as alucinações geralmente acontecem com menos frequência e podem desaparecer. Apesar de não ter cura, esta síndrome pode ser gerenciada para que o paciente consiga viver com qualidade de vida mesmo com a condição.
Tratamento da síndrome de Charles Bonnet
O tratamento pode variar dependendo da gravidade dos sintomas. Nos sintomas leves, a garantia benigna do problema, tranquilização e aconselhamento, podem ser tudo o que é necessário. No entanto, nos sintomas mais graves, o tratamento pode incluir técnicas comportamentais (adotar estratégias que desviem a atenção das alucinações para facilitar o desaparecimento das mesmas) e medicamentos para suprimir as alucinações.
Na parte oftalmológica e neuro-oftalmológica, é fundamental o acompanhamento com um profissional qualificado que tenha conhecimento sobre a síndrome de Charles Bonnet para melhores resultados.
Para saber mais, agende uma consulta de neuro-oftalmologia com o Dr. Roberto Battistella!
Fontes:
Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria